III Congreso Internacional
Historia a Debate
Santiago de Compostela, 14-18 de julio de
2004
Retorno de la sociedad civil |
MESA K. Retorno de la sociedad civil Júlio Rocha (Universidade de A Coruña, España) Desde a "Queda do Muro", passando pela "Derrubada das Torres", até o presente centramento do problema mundial na questão do "terrorismo internacional" (cujo auge, a estabelecer com perspectiva histórica, poderá ser o ataque do 11M), a História vem afastando um a um os paradigmas de compreensão da realidade prevalecentes no século passado e distanciando-se mais das suas referências, tais como "Guerra Fria", "Cortina de Ferro", "comunismo internacional", "combate ao fascismo" ou mesmo "vigência do Estado-nação", cada qual com a sua dose, maior ou menor, de anacronismo, sombras de inexistência (ou de existência incompleta), pouco disfarçável a sua vetustez, embora comparecendo com freqüência em discursos de toda ordem, passadistas, conservadores ou presumidamente neomodernos.Com efeito, a Globalização deu um impulso diferente às conexões interestatais, às relações internacionais, e até muito de políticas internas ficaram "contaminadas" pela gestação de paradigmas de explicação alternativos, retóricas modernizadas de pensamento contemporâneo e originais maneiras de ver a reconfiguração da realidade atualizada; derivando daí que a História, como ciência e como ensino, deva adaptar-se a esta nova situação, encontrando formas de manifestar esta substância hodierna e os seus conteúdos a partir de referenciais e de categorias mais perenes.Aliás, aquelas categorias citadas típicas de fim de Século tanto a de 1989 ("Queda do Muro") como a de 2001 ("Derrubada das Torres"), de per si, pareciam tornaria imperativa uma suficiente mudança de perspectivas capaz de dar conta de tais novos conteúdos. Porém, vimos assistindo constrangidos a pequenas maquiagens, ligeiros manuseios e alguma que outra maquinação, todas elas nada interessadas em constatar o novo Século como receptáculo de insólitas idéias adaptadas aos novos tempos de reconhecimento das novas ligações. É forçoso portanto admitir paradigmas historiográficos adequados a essas realidades, não sendo exclusivas as esbatidas dualidades "esquerda-direita" (ideológico), "Norte-Sul" (econômico), "Leste-Oeste" (cultural) ou "socialismo-fascismo" (político), nem por protótipos efêmeros (tais como "fim da História" ou "choque de Civilizações"), pouco apropriados a uma Ciência com maiúscula, noções cujo emprego, ao olfato da Historiografia que se quer renovadora, já possui odor de característico dèja vu, prescindível em quaisquer momentos de "transição" peculiar e redundante palavra conformadora da própria definição de História.Se formar conhecimento historiográfico novo implica manejar conceitos ideados às novas circunstâncias instituídas pelo andamento moderno, e a "Globalização" apresenta indeléveis conjunturas novedosas, acreditamos poder ampliar a mirada de uma Historiografia consciente (mesmo direcionada ao passado) que não arranque inevitavelmente apenas das suas categorias anteriores, mas sim de uma gama de possibilidades distintas, assumindo sobretudo o compromisso de aplicar um espaço de discernimento menos ambíguo para exatificar os novos desafios da contemporaneidade. Cervantes disse que "el camino es siempre mejor que la posada". Dentre as mentadas possibilidades dispostas a analisar os fenômenos, a idéia de utilizar a categoria da "Comunidade de Relações Privadas" pode significar uma notável evolução para considerar alguns tipos de coletividades, seja para o Século XXI, seja para aquém ou seja para além dele.
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