� MESA B: Crisis 2008-2010:
mirada histórica
Autores:
Vanessa Cavalcanti, Antonio Carlos Silva (Universide Católica do
Salvador, Brasil; Devry University, New York)
Título:
Crise Global: reflexões sobre a Sociedade do Espectáculo ao Ritmo do
Capital
Resumo:
Em "tempos sombrios", como sugere Hannah Arendt (1906-1975), o
significado das palavras, conhecidas pela sabedoria histórica, sofre com
o jogo constante da mudança à luz dos interesses ideológicos. Portanto,
as soluções apresentadas para enfrentar a crise sistêmica, hoje
entendida como crise financeira global, que se alastra sem limites pela
chamada economia real, nada mais são do que alternativas para assegurar
os privilégios unilaterais obtidos por intermédio das leis do Mercado.
Sofisma que em nada promove uma real superação da crise e um
desprendimento do processo de "juridificação"[1] do Estado, que abala os
alicerces da apregoada emancipação social, e mantém presente a figura do
sujeito em sua forma contemplativa. Ou seja, não emancipadora por se
tratar de um elemento criado nas bases do desenvolvimento capitalista em
sua forma mercadoria.O nosso objectivo, deste modo, é elucidar que a
lógica da economia mundial persiste sob uma contradição interna na
construção marxiana: a transformação do dinheiro, de um meio de
circulação, para um fim em si mesmo. Um ritual da modernidade que mantém
a sociedade sem consciência de sua própria realidade (fetiche do
capital) e em conformidade com as regras paradoxais do sistema produtor
de mercadorias.
Para tanto, iremos revisitar, com base na abordagem de três autores
contemporâneos Anselm Jappé, Robert Kurz e István Mészáros - a
contribuição de Guy Debord (1931-1994) sobre a "sociedade do
espectáculo" e sua intrínseca relação com as categorias básicas da
modernização capitalista: o fetiche do capital, a teoria do valor, a
mercadoria e o dinheiro.
A teoria crítica será a linha argumentativa; um revisitar das principais
categorias de análise presentes em/para além de Marx, para justificarmos
nossa hipótese e compreendermos a contradição interna do moderno
processo de produção capitalista.
O pressuposto básico é compreender que o sujeito histórico deixa de ser
um elemento transformador para se tornar um torpe espectador da
valorização abstracta do capital, do domínio monetário que se tornou
dependente, visto que é, para lógica monetária, uma mercadoria, um
sujeito contrário a acção. Por isso, as ideias difundidas para fazer
frente aos movimentos em favor da regulamentação do capital e
recrudescimento do Estado nas actividades económicas, um resgate do
ideário keynesiano para suplantar a crise mundial, são em realidade
investidas contra os ditames neoliberais, não contraposições
alternativas para sobrelevar o poder do capital-
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[1] Palavra utilizada por Robert Kurz para esclarecer uma das funções
económicas do Estado Moderno. No caso, o que o autor denomina o primeiro
nível jurídico. Ver KURZ, Robert (1997). A falta de autonomia do Estado
e os limites da política. In: Os últimos combates. Petrópolis: Vozes.
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