MESA G
Por Fernando Esteban do Valle
REDE MUNICIPAL NITEROI, BRASIL
HISTORIA A DEBATE
0 HISTORIADOR A ÉTICA E 0 COMPROMISSO SOCIAL
Nos últimos anos, em meu país, a palavra Ética foi muito usada por vários setores da sociedade, num amplo esforço de moralização, algumas vezes sincero, outras oportunista. A concepção de Etica ficou reduzida apenas ao seu aspecto moral. 0 sentido mais rico (e a meu ver mais importante para a discussão que hoje nos propomos) que a palavra pode assumir, é o de estudo do comportamento e dos valores. Então, no Brasil, a discussão sobre o compromisso ético do historiador ficaria, em função das demandas sociais que ocorrem em um país como ele, presa ao seu sentido moral.
Claro está que esta dimensão é também muito importante para o historiador estabelecer suas prioridades, os problemas a investigar, e, principalmente, os limites de sua inserção social. Gostaria, no entanto, de ressaltar a Ética como o estudo, como campo de reflexão, como instrumento de leitura da sociedade. É nesse aspecto que ela converge para a História.
Cabe ao historiador refletir de forma autocrítica em relação às práticas de seu trabalho e suas implicações sociais. 0 seu campo de atuação prática é muito amplo, o que acaba valorizando a necessidade desta reflexão. Mas é na escola que o estudo dos valores e do comportamento se toma mais importante. Ali a História está integrada numa rede de relações com outras ciências, existe o aspecto de formação intelectual -e moral - do estudante, o que certamente é um dos maiores desafios para o historiador: contribuir coerentemente para a formação da Ética dos novos tempos.
1 . Outro ponto que eu gostaria de chamar atenção, é a crença do senso comum que vê a História como um tribunal, onde será julgada a conduta moral dos atores históricos. Em primeiro lugar, essa visão é baseada no personalismo, destacando a atuação de grandes líderes. Em segundo lugar, transforma a História numa entidade autônoma dos agentes sociais e os seus tempos; tanto daqueles que fazem a história, quanto daqueles que a escrevem. Não parece mais que a historiografia se baseie nessa visão. Mesmo julgando, o historiador não acha mais que tem a competência para sentenciar culpados, ou reestabelecer verdades absolutas.