El próximo viernes, 13 de enero de 2006, tendrá lugar a las 10,30 horas en la Universidad de Porto la presentación nº 69 de Historia a Debate.

Participan:

Armando Carvalho Homen, Universidade de Porto
Luís Miguel Duarte, Universidade de Porto
Isabel Morgado, Centro de Investigação Histórica – FLUP
Carlos Barros, Universidade de Santiago de Compostela

Lugar:

Sala 210
Facultade de Letras
Campus da Universidade de Porto
Porto, Portugal

Informa:
Armando Carvalho Homen

Organiza:

Departamento de História
Instituto de Documenaçao Histórica
Curso Integrado em Estudos Pós-Graduados em História Medieval e do Renascimento
Centro de investigaçao Histórica-FLUP

Élia Rodrigues (FLUP)
Alexandra Monteiro (FLUP)
Joana L Sousa (FLUP)
Mario Joao Domingues (FLUP)
Joana Segueira(FLUP)
Flávio Miguel Miranda (FLUP)
Ricardo Andrade (FLUP)
Carla Gonçalves (FLUP)
Armanda Gomes (FLUP)
Paula Azevedo Pinto (FLUP)
Aleixo Silva (FLUP)
Nuno Moreiro (FLUP)
Alívio Pereira Silva (FLUP)
Luís Miguel Pereira (FLUP)
Marco Antonio Silva Costa (FLUP)
Álvaro Rodrigues Pinto (FLUP)

SESSÃO DE APRESENTAÇÃO DA “HISTÓRIA A DEBATE” NA FACULDADE DE LETRAS DA UNIVERSIDADE DO PORTO (13-1-2006)

 

Intervenientes:

  • Professor Doutor Carlos Barros – fundador e coordenador do projecto “Historia a Debate” e Professor Catedrático de História Medieval da Universidade de Santiago de Compostela.
  • Professor Doutor Armando Luís de Carvalho Homem – Professor Catedrático da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
  • Professor Doutor Luís Miguel Duarte – Professor Associado/Agregado da Faculdade de Letras da Universidade do Porto.
  • Professora Doutora Isabel Morgado

 

O Professor Doutor Armando Luís de Carvalho Homem deu início à sessão apresentando o Professor Carlos Barros.

  • Em seguida fez referência detalhada aos três colóquios de “Historia a Debate” já realizados, 1993, 1999 e 2004, anunciando a publicação das actas do último para breve, à semelhança do ocorrido com os anteriores. Salientou o carácter profundamente englobante das temáticas do colóquio e, referindo alguns dos artigos publicados nas actas do II Colóquio, 1999, evidenciou esta multiplicidade de contributos.
  • Procedeu à apresentação do “Manifiesto de Historia a Debate”, distribuído por todos os participantes, e salientou a presença de muitos historiadores da América Latina na lista dos seus subscritores da qual fazem parte, também, alguns docentes da Faculdade de Letras da Universidade do Porto (FLUP).
  • Foi salientada a importância do site da Historia a Debate e do seu fórum internacional reflectida, de forma evidente, na enorme quantidade de informação que dos vários cantos do mundo chega às caixas de correio dos subscritores deste projecto.
  • Acerca da dificuldade de projecção dos historiadores portugueses na sociedade e nos meios de comunicação, o Professor Doutor Armando L. de Carvalho Homem criticou a ausência de interesse do poder político pela acção e obra destes investigadores reprovando algumas intervenções menos cuidadas, exemplificando com a designação da comemoração dos “500 anos” dos descobrimentos portugueses indevidamente assim referida.
  • Considerou particularmente negativa a divulgação televisiva de uma História desactualizada e, em alguns casos meros exemplos de criatividade delirante dos “comunicadores” da História. Referiu alguns exemplos.
  • Foi historiada, pelo mesmo professor, a evolução dos doutorados  em História nos últimos anos na FLUP evidenciando, assim, a vitalidade deste departamento.
  • Salientou como menos apropriada a existência conjunta dos saberes que se juntam na unidade orgânica “FLUP”.
  • Reflectindo sobre a História nas universidades portuguesas considerou que os contactos com outras instituições estrangeiras são, por vezes, mais relevantes que a ligação entre historiadores dos diversos cursos de História existentes no nosso país.
  • Concluiu com a análise da diminuição do número de candidaturas de estudantes à licenciatura em História criticando o actual discurso de alguns reitores que, repetindo as intenções manifestadas por vários políticos dos anos 90, tendem a tentar fechar cursos menos frequentados. Exemplificando procurou provar que, em alguns casos, a solução é absurda.

 

A Professora Doutora Isabel Morgado iniciou a sua intervenção agradecendo o convite do Professor Doutor Carvalho Homem para esta mesa redonda. Em seguida elogiou o Professor Doutor Carlos Barros e a sua acção na “Historia a Debate”.

  • Apresentou o “Manifiesto de Historia a Debate” e relevou a necessidade do historiador reivindicar o papel ético da História na sociedade.
  • Exemplificando com o seu percurso de estudante de licenciatura, mestrado e doutoramento elogiou o acompanhamento científico que encontrou na FLUP relevando a semelhança desta instituição, nomeadamente ao nível do papel desempenhado pelos docentes, realização de debates, etc., com o “Instituto Universitário Europeu de Florença” que também frequentou e onde vários docentes das universidades portuguesas fizeram os seus doutoramentos.

 

O Professor Doutor Luís Miguel Duarte referiu os diversos interesses científicos da “Historia a Debate” salientando a relevância desta iniciativa e afirmou que “esta mesa redonda está com 12 anos de atraso”.

  • Colocou algumas questões sobre as quais se foi pronunciando:

–     podemos fazer História sem debater Historiografia?

–          como combater a especialização que leva a uma atomização que considera negativa?

–          como equilibrar a investigação com a agenda do nosso tempo: conflitos entre civilização ocidental e civilização muçulmana; desafios em torno da questão de géneros, etc.?

–          como reagir à tendência de fazer da História o tribunal do passado?

–          Como podemos fazer uma História de valores?

  • Reflectindo  sobre a constante necessidade de justificar o nosso trabalho de historiadores, o que considerou ser desgastante, afirmou que “A História é uma maneira de ver o mundo que qualifica” e sublinhou o facto de toda a gente falar dela sem a parcimónia aconselhada pela ignorância, perversidade que menospreza os verdadeiros profissionais.
  • Contestou a hipótese de rever o “Manifiesto de Historia a Debate” que está datado e como tal deve permanecer como reflexo do tempo que lhe deu origem.
  • Afirmou que faltam grandes livros de História e que alguns dos mais estimulantes são antigos. Interrogando-se sobre a eventual falta de grandes historiadores defendeu a necessidade de debates estimulantes.

 

 

O Professor Doutor Carlos Barros afirmou que esta era a 69ª apresentação da História a Debate o que reflecte o interesse que desperta. Manifestou tristeza pela impossibilidade técnica de gravação deste encontro, o que também aconteceu na apresentação realizada na Universidade de Coimbra, e ressaltou a importância do acompanhamento destes actos por aqueles que frequentam o site.  Lembrando que em Fevereiro ou Março a “Historia a Debate” vai ser apresentada na Universidade de Lisboa, fez votos para que se continue a falar do projecto na FLUP.

  • Analisando as pessoas cujo endereço termina em pt que recebem informação da “Historia a Debate” e escrevem mensagens verificou o seu enorme crescimento, nomeadamente no último ano.
  • Sublinhou que a “Historia a Debate” é um processo inacabado e com muitas surpresas e, como se pretende estar “arriba del cavallo”, é necessário acompanhar os acontecimentos  do mundo, que são muito apelativos para os historiadores, sendo importante fazê-lo para que os vindouros tenham uma vida melhor.
  • Historiando o que foi sendo feito no âmbito da “Historia a Debate”, afirmou que a Historiografia que nos formou estava a ser repensada aquando da realização do I Congresso que teve por objectivo fazer um Balanço da situação. Neste encontro se comprovou o esgotamento de algumas escolas:  Annales,  Nouvelle Histoire, etc.. “A História que vem” foi o artigo que publicou sobre este tema, em que afirma a necessidade de procurar alternativas. Curiosamente comprovou, recentemente, a existência de muitos livros dos historiadores clássicos nas livrarias portuguesas e espanholas.
  • A situação da historiografia hoje e a sua conexão com o mundo que nos rodeia foi a problemática que em 1999/2001 fez lançar um inquérito: “O Estado Actual da História “. Nas cerca de 600 participações ficaram patentes o grande dinamismo e juventude dos intervenientes.
  • No II Congresso constatou-se que muitos dos participantes eram de países latinos e copiavam os historiadores ingleses e franceses. O Professor Carlos Barros afirmou que é preciso analisar a historiografia internacional e pensar pela própria cabeça.

Neste II Congresso constatou-se a existência de um eixo novo ligando os historiadores do continente europeu e os da América Latina com capacidade de intervirem no mundo.

  • III Encontro : foi necessário deixar de fora várias contribuições; continuam a aparecer muitas comunicações muito especializadas.

As reuniões mais importantes foram gravadas e existem hoje 48 vídeos na página web da “Historia a Debate” . Vão ser publicados três volumes com as participações neste congresso, nos idiomas de comunicação. Alguns portugueses marcaram presença neste encontro mas em número muito reduzido. Foram referenciados historiadores presentes neste como nos anteriores congressos que não estão a trabalhar nos cursos de História mas em Direito, Antropologia, etc. . “Há que definir a disciplina de novo” concluiu.

  • O Professor sublinhou a importância das pequenas mensagens, pela sua singularidade e espontaneidade, normalmente ausentes dos trabalhos académicos. A participação no site da “Historia a Debate” é feita sem preocupações de curriculum havendo presenças relevantes e constantes. A média etária dos aproximadamente 7.000 frequentadores é de 35/45 anos, espalhados pelos cinco continentes, muitos deles pertencentes, como alunos, investigadores ou docentes, a uma das cerca de 350 universidades representadas. A língua dominante é o castelhano mas são feitas traduções para inglês e francês. Concluiu afirmando que a nova sociabilidade académica está patente na “Historia a Debate” com o recurso a novos meios de comunicação.
  • Destacou o retorno aos tipos de História tradicional que foram muito criticados por alguns historiadores e referiu, circunstanciadamente,  a biografia que não pode ser paga pelo erário público quando é superficial. Alertou para o facto de que a História dos Protagonistas pode ser deturpadora dando o exclusivo da História a um número muito reduzido de personagens, enganando ao encobrir milhares de participantes activos. Exemplificou com a luta pela democratização de Espanha. Concluiu sublinhando a necessidade de que se faça História séria para dar credibilidade  à Ciência Histórica.
  • Salientou algumas das actuais preocupações dos historiadores e referiu que muitos se juntam na “Historia a Debate” para falarem de temas muito diversos sendo patente a preocupação pela teoria. Este fórum conseguiu uma democratização dos debates,  “estamos buscando solução e há solução para uma nova História”, concluiu. “O historiador do futuro ou reflectirá ou não o será”, escreveu Carlos Barros há alguns anos, hoje voltaria a escrevê-lo afirmou.
  • Destacando a importância das grandes escolas historiográficas sustentou que os grandes historiadores que ainda lembramos a elas pertenceram, sendo certo que sem essa integração colectiva não teriam o impacto que alcançaram. As suas obras têm grande importância porque temática e metodologicamente foram novidades, estando integradas em escolas que desenvolviam essas novidades.
  • Ainda acerca do III Congresso “Historia a Debate” referiu a igualdade de tratamento conferido a todos os investigadores independentemente do seu estatuto académico. Salientou que este encontro teve mais mesas redondas que conferências o que agilizou a participação.
  • Ressaltou que “o debate não é um uso académico” até pela existente relação mestre/discípulo, mas, sublinhou, “ a transmissão vertical é fundamental mas precisa de contrapesos democráticos”.
  • Acerca do grande impacto conseguido pela a Historia a Debate” ssegurou que é a primeira vez que existe tanta visibilidade da historiografia “periférica”: espanhola, portuguesa, etc.. Corroborando este êxito está a publicação nos Estados Unidos  de uma parte das comunicações ao II Congresso.
  • Referindo a tendência do poder central para promover a ligação de investigadores espanhóis com equipas de outros países, sublinhou a necessidade de serem analisadas as dificuldades geradas por essa internacionalização que “Historia a Debate” ja alcançou.
  • Finalmente alertou para a necessidade de inverter a direcção das relações empresa/universidade pois que, a seu ver, não deve ser aquela a modelar os cursos universitários, devendo antes receber e adoptar as novidades  que lhes são facultadas pelas instituições de ensino superior.

 

Seguiu-se um animado Debate que apenas o adiantado da hora impediu de ser mais longo.

 

Prof. Maria Antonieta da Conceição Cruz

Història Contemporânea – FLUP